quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Pósmodernidade e educação: primeiras aproximações








Como educadores e professores, vivenciamos este período da pósmodernidade. Percebemos e refletimos sobre o uso das tecnologias, a inovação das pesquisas científicas, o avanço dos meios de comunicação digital, enfim, a cada instante ideias e apetrechos tecnológicos vão surgindo, superando os demais. E estes também vão sendo inseridos no ensino, como a utilização do Blog na construção de um diário de bordo referente aos encontros do Curso de Pós-graduação latu senso: Educação e contemporaneidade.

Tendo como base relatos dos alunos da classe de EJA no qual atuo - em sua maioria composta por idosos - estes mencionam em suas experiências durante o período da infância e juventude: sendo moradores da zona rural, ainda crianças ajudavam os seus pais nos trabalhos da lavoura e muitos dos conhecimentos adquiridos (ler, escrever, calcular e conhecimentos pertinentes ao ambiente em que cresciam) foram transmitidos pelos seus próprios pais ou vivenciados durante a vida cotidiana mediante os acertos, erros e perseverança. Assim, o trabalho na lavoura iniciava junto aos pais, os momentos de distração também eram vivenciados junto à família e ainda compartilhados entre os vizinhos, tudo era muito simples, mas as lembranças permanecerem vivas na memória.

Quando surgiram os primeiros televisores no Brasil, ainda em preto e branco, os moradores da localidade se reuniam todos os dias à noite para verem os programas que naquela época passavam; geralmente, estes encontros eram regrados de muita conversa e lanches, pois poucas eram as famílias que tinham condições de adquirir o aparelho e geradores para manter este novo componente; segundo relatos, utilizavam uma bateria, no qual levavam até a cidade para recarregar. Com a chegada da televisão, mais uma forma de “lazer” era inserido neste contexto.

Hoje, a cada modelo que surge, as pessoas correm nas lojas para comprar o que tem de mais moderno, dividem em infinitas prestações nos cartões de crédito, mas se orgulham de poder expor em sua residência um aparelho tão moderno e que ocupa menos espaço, ao contrário dos modelos até então lançados.
E é por meio deste “instrumento”- a televisão, que valores, hábitos são veiculados a aqueles que diariamente se colocam diante dele para ouvir o que é transmitido e, muitas das vezes, sem a opção de reivindicar. Em muitos ambientes, exige-se silêncio total para dar ouvidos ao que é mencionado na televisão, enquanto muitos pais, filhos e demais pessoas que ali residem não dialogam entre si.


Bauman, na introdução do livro: Vida líquida, menciona que a vida líquida é uma vida de consumo; as pessoas e as coisas perdem o seu devido valor, a sua utilidade tem um prazo de validade muito curto. Assim, vivenciamos um período em que as coisas são descartáveis. E aqueles (nossos pais, tios, avós, avôs) que experimentaram um outro tempo, não muito distante, relatam dias em que o conceito de modernidade ou pósmodernidade ainda não fazia parte do cotidiano, realizar as atividades do dia-a-dia requeria formas rudimentares, mas nos trabalhos desenvolvidos havia a participação de todos e o conceito de ensinar/aprender se iniciava, primeiramente, no meio familiar.




Reflexões tendo como base o texto: BAUMAN, Zygmunt. Sobre a vida num mundo líquido-moderno. In: Vida líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.

Um comentário:

  1. Gostei muito do resgate da história oral dos seu alunos do EJA, você faz algo sistemático sobre esse trabalho? Olha aí é um bom tema de pesquisa para você ou outros que se interessarem: analisar as representações sociais de pessoas da 3a. idade frente a questões da pósmodernidade!! Bjs
    Silvana

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